galeria de ensaios

Era uma vez…

Era uma vez….” é um registro sobre um personagem que exerceu papel fundamental para o desenvolvimento do nordeste brasileiro, um resgate fotográfico que nos faz recordar a sua importância social, econômica e cultural. “Era uma vez…” conta a história de um animal que hoje está condenado ao ostracismo ou ao abate nos frigoríficos da China e do Brasil. 


Rasgo Brasileiro

Inspirado nas conversas de fim de tarde com um antigo vizinho, o poeta Manoel de Barros, e também na essência da sua obra, direcionei o meu olhar fotográfico para as coisas desimportantes da vida – “As coisas que não levam a nada/ tem grande importância […] Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma/ e que você não pode vender no mercado”. Os versos livres do poeta expõem a verdadeira matéria da poesia ao mesmo tempo em que subvertem a clássica indagação – mais importante  do que descobrir pra que serve a poesia é descobrir o que serve à poesia.


Omame

Omame  é o criador da humanidade na tradição Yanomami. É também o título da exposição individual que Marcelo Buainain apresentou na 50º Feira Internacional de Fotografia, em Bièvres, França, em 2013. São fotografias que tecem um retrato do Brasil através dos brasileiros, longe dos estereótipos e da fantasia de país do carnaval, do futebol e do samba, ao mesmo tempo em que revelam todos os contrastes étnicos, religiosos, culturais e sociais, e que remetem ao início do clássico livro de Paulo Prado: “Numa terra radiosa vive um povo triste.”


Reflexão

A volta ao mundo em 18 fotos selecionadas para uma mostra no site da revista Veja. De Paris para Lisboa, passando por Istambul, o mundo se estende e se avizinha, se reflete e atravessa as vitrines das cidades, e ganha as ruas, onde as sombras incorporam todas as cores no preto e branco universal, recriando uma mesma atmosfera, de sonho e sexo, de fé e fome, de movimento e instante congelado, no Brasil ou em Portugal, na França ou na Turquia, no Marrocos ou na Índia. Um documento “de um lugar e época, com poesia e subjetividade”, nas palavras do editor da Veja, Alexandre Belém. 


Portrait

O poeta romântico Percy Bysshe Shelley dizia amar “todos os lugares/ Ermos e solitários, onde experimentamos/ O prazer de crer que o que vemos/ É ilimitado como desejamos sejam nossas almas”. Marcelo Buainain prefere as pessoas aos lugares, “uma forma de preencher ou compensar a própria solidão”. Nesses 18 retratos é a solidão quem preenche – e acompanha – os olhares, alguns inquisidores, outros desviantes, alguns cegos, pela luz, pelas sombras, e destacados do entorno. Nenhum deles indiferente à própria consciência de ser retratado e eternizado “em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico”.


Amar é servir

As obras sociais da Irmã Dulce confundem-se, hoje, com seu nome, sinônimo de caridade e amor ao próximo, e sua missão, que transcende o tempo de sua existência terrena. Graças a uma Bolsa Vitae de Arte, recebida em 2002, Marcelo Buainain penetrou em uma de suas obras sociais mais emblemáticas, o Hospital Santo Antônio, em Salvador, Bahia, criado a partir de um simples galinheiro do convento homônimo. O resultado são fotografias que traduzem a dor e a esperança, especialmente no gesto das mãos, que falam por si, por nós – e por toda a humanidade.


Bressonianas

O Fotógrafo Henri Cartier-Bresson contribuiu com o seu trabalho para definir a fotografia moderna, ao mesmo tempo em que documentava a história do século 20 e fundava as bases para inspirar futuras gerações. Marcelo Buainain só se deu conta da influência notável do fotógrafo francês quando, em 2009, foi um dos sete convidados para a coletiva “Bressonianas”, realizada em São Paulo, para acompanhar uma grande retrospectiva do mestre. As imagens selecionadas refletem essa influência inconsciente, através do instante decisivo em que foram capturadas, colocando “na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração”, como explicava Cartier-Bresson o ato único de fotografar.


Cultura dos Mutilados

“O ensaio Cultura dos Mutilados revela um lado perverso do Brasil”, explica o economista Antônio Márcio Buainain, no prefácio do livro Bahia – Saga e Misticismo. Um retrato vivo e contemporâneo não apenas dos contrastes entre a riqueza e a pobreza brasileiras, mas como a produção de ambas estão intrinsecamente ligadas, particularmente na lavoura do sisal, na Bahia, onde são frequentes os acidentes com as máquinas desfibradoras que dão origem a um exército de mutilados. São retratos que revelam a injustiça de um trabalho árduo que deixa marcas indeléveis no tempo e nos corpos dos trabalhadores. 


Santo Daime – O Evangelho da Floresta

Amor, Caridade e Fraternidade regem os princípios do movimento religioso do Santo Daime, nascido no interior da floresta amazônica nas primeiras décadas do século 20, quando o neto de escravos Raimundo Irineu Serra conheceu a bebida Ayahuasca e usou-a como sacramento para uma nova doutrina espiritualista de cunho cristão, hoje com milhares de adeptos em todo o mundo. As 23 fotografias do ensaio procuram simbolizar esse encontro, entre a floresta e o homem, entre o terreno e o divino, desde a preparação da bebida, através da cocção das plantas, até os ritos, onde os cantos, as danças e a bebida nos conduzem a um novo e intenso mundo de comunhão espiritual.